Desde o ano de 2007 celebra-se o Dia Internacional da Democracia, a 15 de Setembro, fazendo referência a 1997 momento em que a União Interparlamentar (UIP) adotou a Declaração Universal da Democracia.
Olhamos para a democracia como regime político que tem como base o interesse da maioria e não de uma pequena parte da sociedade, com cada voto a valer um voto independentemente do espectro político que defendemos.
Como Francisco Sá Carneiro afirmou “O fim principal do poder político é o serviço da pessoa. O estado está ao serviço da pessoa.”, quando assim não acontece assistimos a uma degradação da democracia.
No fundo, a democracia tem como base as pessoas, construída com pilares imprescindíveis de inclusão, igualdade e liberdade sendo, desta forma, um alicerce fundamental para a paz e desenvolvimento mundial.
E são essas mesmas pessoas que, por viverem num regime democrático, são chamadas a sair de casa e votar, uma ação simples como fazer uma cruz, mas que influencia tudo e todos.
E o que é isso de votar? Algo simples como dar legitimidade a que falem em nosso nome e nos defendam nas mais diversas plataformas da democracia portuguesa.
E após uma dessas eleições, neste caso as legislativas, forma-se o Governo Constitucional, e espera-se que sejamos governados com realismo, numa estreita relação entre o Governo e os Portugueses, não recorrendo a falsas promessas e a cenários admiráveis e utópicos, mas sim tomando decisões e realizando ações com responsabilidade, seriedade e acima de tudo transparência. Pois, quando assim não acontece, os sinos da corrupção e dos escândalos soam iniciando um processo perigoso de descredibilização e desvalorização das mais diversas entidades.
Não necessitamos de ser radicais e considerar Portugal um país corrupto, mas que há muita corrupção por aí é impossível negar. De casos mais graves e por vezes bem visíveis, a casos mais pequenos, tornando-se algo muito típico de uma sociedade onde a lei só é aplicada a alguns pois a troca de favores, o amiguismo, as cunhas e o tráfico de influências prevalecem, nesta realidade paralela, de uma elite de intocáveis que cada vez mais cresce destruindo a confiança nas instituições.
Numa sociedade mais instruída, mais informada e com noção de que a corrupção é algo mais recorrente, as pessoas cansam-se e este cansaço reflete-se de forma mais evidente numa abstenção demasiado elevada.
Cada vez mais as pessoas estão frustradas, e à medida que o tempo passa parece que perderam a capacidade de se indignar. A indignação surge apenas com as consequências, sem nunca termos questionado as ações que lhes deram origem. Se voltarmos a ser capazes de questionar, criticar, avaliar e reivindicar no momento certo e não apenas quando recai sobre nós o ónus desses erros, talvez muitas das consequências que os portugueses sofrem fossem evitáveis.
Temos de deixar de ser agentes passivos de algo tão grande e tão importante como a democracia para sermos agentes ativos no dia a dia, não devendo nem podendo aceitar como normais escândalos envolvendo ministros e erros que determinam o futuro. Não podemos nem devemos compactuar com a passividade na Assembleia da República, ou por outro lado as atitudes pouco dignificantes que se tornaram recorrentes.
Não existindo regimes perfeitos, devemos olhar para a democracia como aquele que melhor representa cada um de nós! E a melhor forma de a aperfeiçoarmos é através da participação na vida política, começando na nossa localidade passando por eleições legislativas, presidenciais e europeias, sem nunca desistirmos dos nossos direitos e deveres, pois, quando o fazemos abdicamos da democracia.
Será que nos resignamos à democracia que temos e abdicamos da democracia que queremos?