No dia de mais uma celebração do 25 de abril ainda associada à atual pandemia, assistimos, entre as comemorações, à inauguração do imensamente propagandeadomaior Centro de Saúde do país, localizado na freguesia sintrense de Algueirão Mem Martins, caracterizada por ser, também, amaior freguesia, em termos de população,de Portugal.

O término desta obra que, desde cedo, esteve associada a atrasos administrativos que forçaram a desistência do empreiteiro que ganhou o concurso [1], mereceu cobertura mediática nacional, incluindo também a presença do PrimeiroMinistro António Costa, elevando a fasquia em relação à expectativa da população sobre este recente desenvolvimento.
Em simultâneo, a inauguração ficou marcada também pela presença de manifestantes que, durante a sessão solene dos autarcas no interior, procuraram mostrar a realidade quotidiana dos cidadãos no exterior, realçando a escassez de médicos de família que assombra a freguesia e tem sido uma batalha assídua por parte da comunidade local [2][3].
 
Realizando uma análise desta dimensão e, para tal, recorrendo a dados oficiais do Serviço Nacional de Saúde [4], é possível retratar a situação atual da freguesia de Algueirão Mem Martins como preocupante, destacando os seguintes dados:
Tabela 1 Análise da Evolução da Situação do Centro de Saúde de Algueirão Mem
Martins
Descrição 2014 2021 Varaiação (2014-2021)
Utentes Inscritos no Centro de Saúde 54027 43211 -20%
% de Utentes com Acesso a um médico de Família 49,6% 32,15% -35,2%
% de Utentes sem acesso a um Médico de Família 49,6% 67,19% +35,5%

Fonte: SNS (2014; 2021)

Com estes dados, é possível concluir que a maior freguesia e recém localização do maior centro de saúde de Portugal, falha em servir mais de metade da sua população, não conseguindo providenciar os cuidados básicos a nível da saúde local. Sendo mais uma prova que não se pode resolver assuntos de saúde com betão, é também preciso investir na atração e retenção de profissionais especializados.
Num panorama geral, esta inauguração acaba por criar mais nevoeiro numa imagem
desvanecida do prometido Hospital de Proximidade de Sintra, uma unidade de saúde essencial para o segundo maior concelho do país que, com mais de 380 mil habitantes, divide o único hospital público das redondezas com o concelho da Amadora, acrescentando os seus mais de 175 mil habitantes para a equação que o Hospital Fernando da Fonseca, comummente apelidado de Hospital AmadoraSintra, tem de suportar.

Neste sentido, é preciso perceber o ponto da situação em Sintra, nas suas freguesias e junto das comunidades locais, evitando o perpétuo desenvolvimento de soluções efémeras que não ajudam a cimentar as bases para o desenvolvimento sustentável do concelho.

Seja a nível da educação, emprego, saúde ou outras áreas promotoras do bemestar da
comunidade, é necessário fazer as intervenções necessárias para mostrar a mudança,
contrariando a tendência de governação atual baseada em mostrar uma mudança supérflua baseada em intervenções impulsivas que servem a minoria opulenta em detrimento da maioria comum.

Referências

[1]
https://sintranoticias.pt/2019/10/04/jaseiniciaramasobrasdeconstrucaodocentrodesaudedealgueiraomem
martins/

[2]
https://www.noticiasaominuto.com/pais/714379/utentesprotestamcontrafaltademedicosemalgueiraomem
martins

[3]
https://sintranoticias.pt/2021/04/25/omaiorcentrodesaudedopaisinauguradoemalgueiraomemmartins/
[4]
https://bicsp.minsaude.pt/pt/biufs/3/30030/3110500/Pages/default.aspx

Opinião de Ricardo Eleutério de Oliveira e Mariana Freire,
Coordenador do Gabinete de Educação, Emprego e Empreendedorismo e Coordenadora do Gabinete de
Saúde e Desporto da JSD Sintra

Bernardo Chitas

24 anos, Residente na União de Freguesias de S. João das Lampas e Terrugem. Vice-Presidente da JSD Sintra e Coordenador do Gabinete de Comunicação. Empresário e estudante de Gestão.

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